quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

CICLOS DE CURRAIS

 

CICLOS DE CURRAIS

 

 

Gado

 

Em vastos

pastos

 

pastaram

gados

 

produzindo estrume

para o fino algodão

 

 

Algodão


Ao chegar a sua vez,

vestiu-se,

de puro linho,

o corpo de uma nova civilização.


Minério

De minério

muitas almas cristalinas

formaram-se

 

fundindo

fé , coragem e trabalho

 

requisitos necessários

para novos currais em ação

 

Maria Marcela Freire (Mamafrei)


Tal poema também se encontra no blog/site : https://poemasdaprincesa.wixsite.com/poemas/poemas


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Texto que escrevi em 31/12/2020 paravo Blog da APOESC

Ano Novo, roupa nova?

Maria Marcela Freire

Há, ainda neste 31 de dezembro de 2020, um frenesi nas lojas de todo o Brasil. Pessoas com incumbências pessoais ou ditames sociais à procura de algo especial para ornamentar simbolicamente seu corpo, ordinário corpo, na virada de ano, logo mais à meia-noite.

A exemplo da véspera do natal, elas saem de suas casas com o  compromisso de se satisfazerem ou satisfazerem a alguém comprando algo que, tradicionalmente, se veem “obrigadas”a fazerem, talvez para se sentirem bem consigo mesmas. 

No natal, algumas mesas fartas. Sobremesa, rabanada; no Ano Novo, talvez, nas mesmas mesas fartas, faltará alguém ou alguma coisa que este ano não possibilitou ter ou acontecer. Desta forma, restando apenas a uma roupa nova, estrategicamente pensada numa cor específica, fomentar a esperança de desejos não sublimados que possam vir acontecer no novo ano que está prestes a iniciar.

Que a roupa nova ou não que iremos vestir nesta entrada de ano novo seja uma nova roupa para as nossas pobres almas carentes de atenção, ouvidoria e cuidado, desprovidas de uma endumentária que nos acolha e nos dê o status de humanos que, há tempos, estamos a perder.

 


domingo, 27 de dezembro de 2020

Da arte de escrever

 

DA ARTE DE ESCREVER

Maria Marcela Freire

 

Escrever, assim como ler, é ato solitário. Entretanto, por vezes, assim como podemos compartilhar leituras e torna-las um ato coletivo, colaborativo, de comunhão, também podemos fazer da escrita, exercício íntimo compartilhável, desde que exista, em cena, outro leitor além de mim, mero escrevente de entidades plurais que constituem o meu eu interior.

Escrever dói. Ler o outro também dói porque nunca sabemos, de fato, a quem iremos atingir em cheio, feito flecha no alvo, a partir das nossas escritas, quer sejam elas poéticas ou não.

Sendo assim, escrever é um tiro no escuro; flecha lançada no alvo das subjetividades humanas; ato repleto de intenções, mesmo que no subsolo de nossos pensamentos mais obscuros. O alvo, o coração e a mente humana, simbolizados assim em emoção e razão respectivamente. Ele (o alvo), muitas vezes, pode parecer estanque, estático, mas é mutável de acordo com a recepção e percepção do leitor em vários tempos, ao longo da história, e momentos/instantes da sua vida. Neste sentido, escrever é consagrar o instante.

Escrever é sinônimo de liberdade e de libertação. É puro ato de rebeldia, resistência e honestidade com os seus próprios pensamentos e sentimentos. Afinal, se escreve por quê? Para quê? Para quem?  Para um outro ou para mim mesmo?

Escreve-se para um eu inevitavelmente coletivo; para falar por si mesmo, ressoando no outro;

Escreve-se para aliviar nossas inquietações, nossas angústias, nossas dúvidas, nossas impressões e imprecisões do mundo, do outro e de nós mesmos;

Escreve-se para exercitar a nossa humanidade e nossas experimentações;

Escreve-se por identificação com ser humano, com a natureza e os animais;

Escreve-se para imprimir nossa identidade, deixar a nossa marca registrada no mundo, de maneira geral, ou no mundo particular de alguém;

Escreve-se, portanto, para nos salvar de nós mesmos!

Poema pandêmico III


 

Carta ao Literarte


 

Poema pandêmico II

 


Carta à Zila Mamede

 


Homenagem a Diógenes da Cunha Lima em 29/10/2020


 

Poema pandêmico I